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As Máscaras estão caindo...


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As máscaras parecem cair numa sequência rápida num desfile em que ficam expostos rostos deformados e com marcas de adoecimentos profundos. Assim tem sido a exposição de “respeitáveis” homens públicos. Denúncias de corrupção, cicatrizes profundas originadas pela busca do poder a todo custo, lideranças que ontem representavam baluartes da ética e discípulos de um novo tempo agonizam na sarjeta, ufanam-se na pseudo esperteza de mentir e enganar.


Acreditam-se estrategistas versados no bem comum, quando na verdade romperam a muito com o ideal de uma sociedade fraterna. Suas concessões deformaram suas almas, além do próprio rosto. Arrebatados pela busca obsessiva em viver resultados esgotaram a “terra” num plantio deprimente em que o fruto perde o sabor e suas propriedades. A ausência de uma compreensão mais profunda e essencial sobre a vida produziu um envolvimento com o enriquecimento ilícito de si mesmos e de seus familiares, repetindo tudo aquilo que acreditavam conservador e ultrapassado.


Enfraqueceram valores e oportunidades de capitalizar a dignidade, a justiça, a fraternidade como conduta possível e realizável através do exemplo. Acabaram por tornarem-se adubo na crise que mergulharam a nação, assim da decepção e frustração que legaram ao povo, irá nascer critérios mais amadurecidos neste mesmo povo para buscar novas lideranças, que possam inaugurar a restauração de princípios e anseios nobres.


Desconsideraram que a árvore é compatível com os frutos que produz, esqueceram que suas obras são fruto da conduta moral que adotam em suas vidas pessoais-familiares e que a empreitada de transformação ética de uma sociedade não pode ter seu tempo abreviado de maneira mágica. Grandes homens, que respondem pelo desenvolvimento científico – educacional – político - religioso dos mais diversos povos, entenderam que a transformação humana reclama tempo e persistência.


Aprenderam a renunciar comportamentos impulsivos, a lidar com a ansiedade, a estender o amor de si mesmos ao outro, toleraram diferenças e revelaram seus propósitos com simplicidade contagiosa. Enfim tiveram a sabedoria em perceber que suas contribuições eram um fruto a ser colhido além do tempo fugaz de suas vidas. Esta visão transcendente de uma revolução de valores e costumes reclama um desprender-se do egoísmo e da doença psíquica do narcisismo.


O verdadeiro líder entende que plantar não implica necessariamente em colher durante sua existência, a colheita poderá ser feita por gerações futuras. Por isso, ele lidera além de sua contemporaneidade, lidera pessoas num futuro mesmo após sua morte física.



Alexandre Rivero


Obs: Texto publicado na coluna Caro Leitor, no jornal Gazeta do Ipiranga, dia 06/02/2015.

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